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Localização: Luanda, Angola

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10.1.08

Massangano, outro gigante turístico adormecido!


Há 200 km cerca de Luanda localiza-se a monumental vila de Massangano, banhada por uma fantástica lagoa e abraçada pelos rios Kwanza e Lukala. O fascinante verde, o brilho das águas e a magia de gigantes embondeiros carregadinhos de múkwas fazem-nos pensar que ali a vida seria provavelmente mais serena, doce e longa. O panorama do seu Cruzeiro e Fortaleza continuam sendo o que foram há mais de quinhentos anos: vista soberba.
Há muito sabia que ilustres personalidades como Paulo Dias De Novais, Rainha Jinga, Agostinho Neto e outras teriam sido marcadas pelas águas de Massangano. Há muito alimentei sonho de conhecer aquela histórica localidade, mas, apenas semana passada pude realizar esta velha curiosidade. Em termos históricos, Massangano é o símbolo de heroísmo português, na luta contra os chamados indígenas (angolanos) e os holandeses, em Angola, hoje, com grande valor turístico, penso.
Pessoas e casas são actualmente contados nos dedos. No século XVII, Massangano já foi porém a capital civil e a sede governamental da Igreja Católica, somando uma população de cerca 10 mil habitantes, dos quais 950 eram autótones (Manuel Nunes Gabriel). Hoje, pessoas mais velhas de Massangano como a Sr.ª. Joana Domingas garantem que o túmulo diante da Igreja (confira-se a foto) contem os restos mortais do Paulo Dias De Novais, o fundador da cidade de Luanda e da então vila de «Maçangano», quando outros historiadores asseguram que os restos mortais de Novais teriam sido transladados para uma Igreja dos Jesuítas em Luanda, no terreno onde se encontra hoje o paço episcopal de Luanda. Boatos de que havia riquíssimas minas de prata em Cambambe e razões militares teriam levado, em 1580, Paulo Dias a constituir sua base em Massangano. Manuel Nunes Gabriel, historiador eclesiástico, reconhece a fertilidade agro-pecuária das terras de Massangano, mas, acusa-a de insalubridade ao homem por ser zona incubadora de doenças como paludismo, varíola e doença de sono.
Enquanto vivo, o Dr. Agostinho Neto, primeiro presidente de Angola independente, costumava recolher-se junto um lugar de Massangano designado “das Santas”, entre sombras frondosas de palmeiras e embondeiros do rio Lukala, eventualmente para se inspirar, e assim melhor pintar os seus poemas. Os missionários capuchinhos que contribuíram a conversão da Rainha Jinga em Matamba tinham a sua base em Massangano. Importantes figuras da história portuguesa como Marchal Craveiro Lopes, então presidente de Portugal, visitou Massangano em 1954. Grandes peregrinações de Luanda a Massangano faziam-se ainda até ao tempo de dom Moisés Alves de Pinho. A velha Igreja de pedra e cal de Massangano é considerada a mais antiga do interior de Angola.
Com efeito, o mausoléu humilde de Paulo Dias de Novais, as ruínas da Fortaleza e de alguns antigos e imponentes edifícios públicos, como a Câmara e a casa de Misericórdia e Judicial , a Igreja matriz de Massangano, dedicada a Nossa Senhora da Vitória (devido a vitória dos portugueses guiados pelo Dias de Novais sobre os exércitos reais dos indígenas), a invejável vista do Cruzeiro foram declarados monumentos nacionais em 1923. Hoje, as autoridades locais asseguram que já foram disponibilizados dinheiros para suas restaurações, a começar pelo palácio governamental e a Igreja.
Enquanto isso, o manancial turístico de Massangano encontra-se ainda entregue a bicharada e ao capim. Basta notar que a estrada que dá à sua vila contem ainda o asfalto esburacado dos colonos portugueses, onde não foi ainda comido pelas chuvas. O punhado da população angolana que aí hoje reside consume água bruta do Kwanza. Nenhum bar sequer, para os curiosos que já lá começaram a pôr o nariz.