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6.8.08

OS MEDIA E AS ELEIÇOES EM ANGOLA


Há dois meses que os jornalistas e comunicadores angolanos têm vindo a discutir sobre o impacto da sua actividade na cobertura das próximas eleições legislativas em Angola. Ultimamente, há palestras e seminários de género em Luanda. Fala-se muito e faz-se pouco. Aliás, todos sabem que, na prática, nenhum jornalista fará uma cobertura imparcial, isenta, profissional e totalmente rigorosa. Os culpados são sempre os mesmos: linhas editoriais dos órgãos mediáticos, os manuais não-escritos dos directores, os “sigilos profissionais”, os famosos e chorudos envelopes, os “comités de especialidades dos jornalistas” e as orientações politicas recebidas. A propósito, o ministro de CS, Manuel Rebelais, orientou recentemente em Benguela os media, em particular os do Estado, no sentido de fazer passar apenas os discursos políticos que glorificam as obras do governo em curso, neste contexto das eleições. Nada de critica, portanto. Só o que politicamente é correcto dizer ou fazer ver. Nesta filosofia, é correcto a linguagem do mais forte, do mais endinheirado e do que pensa ter tudo e todos nos seus bolsos. Para o jornalista, não deve importar o peso ou não do projecto politico nem a persuasão mediática em si.
Na semana passada, participei como prelector num desses encontros ora moda em Angola, por sinal, organizado por cristãos (CICA). Mas, tive uma surpresa desagradável: muitos jornalistas (dos quais até cristãos) estão com medo, medo de exercer a profissão com rigor e isenção no contexto eleitoral. Muitos temem pelas suas vidas, pelas eventuais perseguições violentas, medo de perder o próprio emprego, o pão de cada dia. Para muitos profissionais experimentados na praça mediática, os constrangimentos são de carácter politico. Tecnicamente, os jornalistas estão preparados para a cobertura das campanhas e eleições com profissionalidade, mas, há um senão de carácter ético-moral, digo eu. Pelo que os jornalistas podem prestar um mau serviço a pátria, se venderem a sua consciência por cobardia, vaidades ou preguiça mental. Mais do que nunca o pais precisa agora dos seus filhos comprometidos somente com a coesão nacional, o patriotismo sadio, o direito e a democracia em Angola. Aliás, quem privilegiar o comercio, o lucro e a propaganda em detrimento do interesse público deixará de ser lido/ouvido. As pessoas já estão cansadas da intoxicação propagandística.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Saudações professor Tchingandu. Eu sou José Raimundo, estudante do 4º ano de Comunicação Social da Faculdade de Letras.



Li o teu post intitulado "Os media e as Eleiçoes em Angola". De modo geral concordo com as opiniões apresentadas pelo professor, contudo penso que deveria citar a fonte, se bem entendi, de onde obteve a informção segundo a qual o ministro Rabelais orientou uma cobertura pro-Governo. Pois, acredito, para uma afirmação "importante" destas e sem fontes...

Fala também o senhor professor que nenhum jornalista, "todos sabem", irá fazer uma cobertura rigorosa, isenta, profissional etc. Será que está a negar a "objectividade jornalística" ou estaremos em presença de um outro assunto?


"Aliás, quem privilegiar o comercio, o lucro e a propaganda em detrimento do interesse público deixará de ser lido/ouvido. As pessoas já estão cansadas da intoxicação propagandística."

Este excerto vem no texto. Sobre o mesmo tenho a seguinte opinião:

Eu também, professor, sou contra as ideias de uma informação-mercadoria, dirigida sobretudo para ser consumida, sem ter-se em conta princípios jornalísticos e éticos. Todavia, a realidade hoje universal e, pelos vistos, com cada vez mais aderentes, é que este tipo de informação é a mais consumida.

Logo, vislubra-se um imenso trabalho para os defensores da moral e melhor formação dos jornalistas neste sentido. Mas, lembro, os donos das empresas são quem mandam nas empresas e traçam as suas linhas eleitorais.


É a sociedade de consumo.

9/23/2008  

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